229 | A Cabernet Sauvignon na Argentina

Denominada com justiça a Rainha dos Vinhedos a variedade francesa Cabernet Sauvignon (traduzindo livremente: vermelhinha selvagem) é a responsável pela qualidade dos grandes vinhos do Médoc, em Bordeaux, incluindo ai os Rothschild – Lafite e Mouton – e os Chateaux Margaux e Beychevelle.

curiosidades_csnaargentina-siteAs folhas tem 5 lóbulos bem definidos formando por isso uns “olhinhos” (foto acima) como se fosse uma máscara carnavalesca, bem fácil de identificar. Estudos ampelográficos estabeleceram que ela é o resultado do cruzamento, há séculos, da branca Sauvignon Blanc com a tinta Cabernet Franc. A casca da CS é muito dura e espessa formando um chapéu na fermentação difícil de romper. Com isso ela cede taninos e pigmentos bem devagar sendo aconselháveis macerações mais longas e remontagens mais freqüentes do que a Malbec, por exemplo.

Muito difundida pelo mundo, por ser uma planta dócil sem muitas exigências de cultivo, a CS forma parte, como varietal ou em corte, de numerosos vinhos dos mais queridos do Novo Mundo, salientando-se entre nós os da Califórnia, do Chile e da Argentina.

Consta que as primeiras mudas chegaram a Mendoza por volta de 1860 mas, não tendo a preferência dos imigrantes italianos, teve uma evolução de plantação muito lenta de forma que passados 130 anos a área cultivada com CS não chegava a 3.000 hectares. A partir de 1990 entretanto, com a chegada de investidores estrangeiros e a necessidade da Argentina de competir internacionalmente, houve uma rápida evolução e hoje a área de CS se estende por 20.000 hectares com certa concentração na Zona Alta do Rio Mendoza e na municipalidade de Luján de Cuyo (foto acima à esquersa) de maior amplitude térmica e com solos mais pedregosos, como acontece em Bordeaux.

Ainda que tenha na Malbec sua uva emblemática, Mendoza elabora atualmente tintos da Cabernet Sauvignon que rivalizam em qualidade com os melhores das Américas.