245 | Uma armadilha sexual nos vinhedos

Se dermos uma olhada no capítulo da viticultura que trata das enfermidades, não teremos dificuldade em encontrar, entre os agentes tradicionais, fungos como Mildio, Oidio e Botritis e insetos como a Filoxera. Eles são citados com frequência na literatura e sempre repetidos em aulas de cursos básicos. Os viticultores das Américas têm agora mais uma praga a enfrentar.

Trata-se de um inseto que, antes de criar asas, age como uma traça ou como uma lagarta minúscula no vinhedo. Depois de alado, é uma mariposa, em todos os casos sob o nome de Lobesia botrana. Há muitos anos restrita à Europa Mediterrânea e ao norte da África, onde é chamada de Traça da Videira Europeia,  teve sua presença indesejada descoberta em 2009, no Napa Valley, Califórnia. Espalhou-se por lá com certa rapidez, merecendo uma reação drástica das autoridades que colocaram muitos hectares de vinhas em quarentena.

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As larvas alimentam-se de bagos de uva. Não verificada até o momento no Brasil e no Uruguai, já foi constatada no Atacama, no Chile, e em Mendoza, na Argentina, o que indica uma expansão na distribuição geográfica do inseto.

A limitação, o controle e o ataque a essa praga se dão por uma armadilha sexual através dos  feromônios (de “phero”=transmitir” e hormon= “excitar”), substâncias que, disseminadas entre indivíduos de uma espécie, suscitam respostas fisiológicas em outros, confundindo os machos e dificultando a procriação.

O ataque da Lobesia, em qualquer de suas formas – larva, traça, lagarta, mariposa –, provoca perdas importantes na colheita e gastos significativos na prevenção.

Anote, aí, portanto. Além das enfermidades tradicionais com que se defronta o viticultor, devemos acrescentar agora a Lobesia, a mariposa dos vinhedos, não bastassem as pragas de que temos conhecimento em nossa cidade, nosso país, na América do Sul e no mundo.