282 – Dois livros sobre vinhos brasileiros

Os leitores desta coluna, que assino há vinte e quatro anos, sabem que dedico um em cada oito artigos ao vinho no Brasil renovando sempre meus votos de que a vitivinicultura brasileira se desenvolva e se modernize, melhorando continuamente a qualidade dos vinhedos e dos caldos, como por sinal já vem acontecendo com nitidez, deixando de lado o tradicionalismo que a entravava no século passado. Assim, chegando, com este, ao artigo de número 282, atinjo também 37 artigos dedicados ao vinho no Brasil.

Faço-o entretanto de forma diferente desta vez. Gostaria de ressaltar como a literatura enológica local tem auxiliado na divulgação dos vinhos brasileiros tornando-os mais conhecidos do público, e, para isto, cito dois livros que se destacaram como embaixadores do vinho brasileiro.

 

O primeiro, por ordem cronológica de edição, é “Vinho Fino Brasileiro”, de Rogério Dardeau, Editora Mauad X, o outro “Vinhos do Brasil do passado para o futuro”, Editora FGV, de Valdiney e Marieta Ferreira, ambos com o mesmo tema, mas com propostas bem diferentes que os tornam complementares. Fora a excelência dessas duas obras, lembro que seus autores mantêm relacionamento com a nossa ABS-Rio, para a qual já fizeram apresentações diretamente ou em parceria, além do que, assim como eu, eles  são engenheiros: Dardeau, engenheiro de produção; Valdiney, engenheiro químico.

O livro de Rogério Dardeau, com 250 páginas, dedica-se a descrever as regiões vitivinícolas brasileiras e a informar sobre os inúmeros produtores de vinhos finos no Brasil, e o leitor certamente se surpreende com a multiplicidade de terroirs brasileiros, desde o Rio Grande do Sul até o nordeste, numa expansão geográfica e numérica impensável há trinta anos.

Já a obra de Valdiney com Marieta Ferreira, expõe, em 580 páginas, depoimentos de figuras seminais da vinicultura no Brasil – por exemplo, Adriano Miolo, Juarez Valduga, Adolfo Lona, Antonio Dal Pizzol, bem como Carlos Paviani, incansável batalhador pela vitivinicultura brasileira à frente do Ibravin, no Rio Grande do Sul. Você há de se encantar com as histórias e fatos que tais personalidades nos passam em entrevistas eloquentes.

Vale a pena a leitura. Você, que já se surpreendeu com a qualidade dos vinhos brasileiros modernos, há de se espantar com a inesperada riqueza e multiplicidade da cultura enológica no Brasil de hoje.