Por que não vinhos da Bulgária? E da Romênia? E do Líbano, Israel, Geórgia? Este é um chamado aos vinhos de países pouco conhecidos

Há alguns meses tenho colaborado com a ABS ministrando aulas sobre vinhos de países que costumo chamar de “os outros países que não os conhecidos”. E confesso que uma preparação especial teve de ser feita, pois, a exemplo da maioria de nós, de grupos da ABS, estava acostumado aos vinhos “normais”, ou seja, da França, Itália, Espanha, enfim, países cuja reputação como bons produtores já é de longa data de reconhecimento internacional. Em nosso Boletim do mês anterior publicamos uma breve estatística sobre os vinhos degustados em grupos de degustação e, das 3138 garrafas que passaram pelos grupos, somente pouco mais de 40 eram oriundas de “outros países” (18 da Croácia, 13 da Eslovênia, 8 do Líbano e 2 de Israel. A favor desses quatro países, posso dizer que já possuem alguma estrutura bem razoável de divulgação mundial, sendo alguns de seus vinhos bem conhecidos, como os vinhos do Vale de Bekaa, das colinas de Golan, bem como vinhos dos produtores Korta Katarina e Simsic Marjan. Mas vejam bem ! Somente 1,3% dos vinhos degustados vieram desses países.

Este artigo tem por objetivo provocar a curiosidade e fazer um desafio aos degustadores ávidos por novas experiências. Já experimentaram um vinho búlgaro da região de Suhindol? E da Romênia, da casta Feteasca Neagra? E um Riesling do sul da Eslováquia? Um frutado e leve da uva tcheca Frankova ? Sem contar a Ucrânia, os vinhos de sobremesa da Criméia, os vinhos de Saperavi do Teliani Valley na Geórgia? Indo mais além, também há vinhos na Índia (em Goa a influência portuguesa persiste até hoje), na China (estão tentando aprender tudo com os franceses), onde recentemente esteve um pioneiro grupo da ABS – RJ, no Japão, na Turquia.

Aposto que muitos talvez nem saibam onde alguns desses países ficam e, certamente, o primeiro desafio é encontrar uma importadora que negocie com tais vinhos no Brasil, o que é difícil. Em tempos bicudos como os de hoje, ninguém está disposto a fazer apostas muito altas e nem sempre encontrar tais tipos de vinhos é uma tarefa muito fácil. Mas fica a pergunta: por que não ? Se você tem curiosidade, está na ABS para aprender, para testar o novo e deliciar-se com o já consagrado, dê uma chance aos vinhos de “outros países”. Há castas autóctones muito interessantes, bem como produtores que possuem tecnologia já no nível do chamado Primeiro Mundo. Há países que tiveram forte influência de europeus, como o Líbano (França), e em muitos deles as castas europeias (principalmente francesas) têm sua qualidade de produção aprimorada ano após ano. Tente uma vez! Tenho certeza de que algumas surpresas (boas, certamente) vão surgir. E a preços bem razoáveis, não tenham dúvidas.

Dê uma chance!!
Luiz Márcio Malzone
Monitor de grupos de degustação e professor do Curso para Profissionais Ciclo II